Após quatro anos de intervenção, UFCG retoma sua autonomia e celebra o retorno da democracia universitária com um ato simbólico que reforça a resistência e a esperança no futuro. Confira o texto e o vídeo no final da matéria.

Prof. Xisto Souza Júnior*
Campina Grande, 24 de fevereiro de 2024: No filme Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles, acompanhamos a emocionante trajetória de Eunice Paiva, uma mulher que enfrentou a dor da perda e a violência da ditadura militar, mas que nunca deixou de lutar pela verdade e pela justiça. Sua resistência se tornou um símbolo de perseverança, mostrando que, mesmo diante das maiores adversidades, a verdade sempre encontra um caminho para se reerguer.
Assim como Eunice, a Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) também atravessou tempos difíceis. Durante quatro anos, a autonomia universitária foi desrespeitada por uma intervenção política que colocou no comando um gestor que não representava a vontade da comunidade acadêmica. O que se seguiu foi um período de incertezas, questionamentos éticos e ataques aos princípios que fundamentam a educação pública e democrática no Brasil.
Mas hoje, a UFCG escreve um novo capítulo em sua história. O cerimonial de posse da nova gestão, liderada pelo reitor Camilo Farias e pela vice-reitora Fernanda Leal, não foi apenas uma formalidade institucional, mas um ato de reafirmação da dignidade administrativa e do resgate da democracia universitária. A mensagem que ecoou entre aqueles que participaram do evento foi clara e poderosa: AINDA ESTAMOS AQUI!
Uma Luta de Resistência e Esperança
Esse lema, que marcou a cerimônia, carrega em si a força da resistência e da esperança. Ele também simboliza a perseverança da comunidade acadêmica, que durante quatro anos nunca desistiu de lutar pela restituição dos valores democráticos. Assim como a história de Eunice Paiva nos ensina que a memória e a justiça devem ser preservadas, o retorno da autonomia na UFCG prova que a democracia pode até ser atacada, mas jamais destruída.
A presença do professor Vicemário Simões, reitor eleito em 2020 mas impedido de assumir, deu ainda mais peso ao momento. Ele recordou que, já em 2019, havia indícios de que a decisão da comunidade universitária não seria respeitada. Essa intervenção política foi tão desorganizada que deixou a UFCG, pela primeira vez em sua história, sem um gestor legítimo à frente de suas decisões. Mas o tempo passou, a resistência permaneceu e, agora, a justiça foi restabelecida.
A Queda das Catracas: Um Símbolo de Inclusão
Entre os gestos mais simbólicos dessa nova fase, um se destacou: a retirada das catracas da universidade. Mais do que um simples ato administrativo, essa decisão representa a remoção de barreiras físicas e ideológicas, reafirmando o compromisso da nova gestão com a inclusão, o respeito e a liberdade acadêmica.
Durante anos, as catracas serviram como um símbolo de restrição, separando a UFCG de sua essência democrática. Sua remoção, portanto, não foi apenas uma mudança estrutural, mas sim uma demonstração concreta de que a universidade pertence a todos e todas que nela constroem conhecimento, ciência e cidadania.
O Futuro Começa Agora
Se há algo que a história nos ensina, é que o futuro não se constrói sozinho. Ele é moldado pelas ações do presente e pelas lutas do passado. A posse da nova gestão da UFCG não apenas celebra o retorno da democracia universitária, mas também serve como um chamado para que todos participem ativamente desse novo ciclo.
🔥 Que este momento sirva de inspiração para que nunca deixemos de lutar pelo que é certo. A UFCG está viva. A democracia está viva. E mais do que nunca, podemos afirmar: AINDA ESTAMOS AQUI!
*É Doutor (2008) em Geografia pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), Campus de Presidente Prudente na área de concentração produção do espaço geográfico. É professor Associado IV da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) vinculado a Unidade Acadêmica de Geografia atuando na área de produção do espaço urbano e desenvolvimento regional. É líder do Grupo de Pesquisas Integradas em Desenvolvimento Socioterritorial (https://gidsufcg.com.br) e desenvolve pesquisas relacionadas a análise da violência urbana e produção social do espaço, centralidade urbana e Geografia do Turismo. É professor colaborador do Programa de Pós-graduação em História da UFCG atuando na Linha I: Cultura e Cidades. Entre 2013-2016 desenvolveu pesquisa financiada pelo CNPq, Programa Universal, tendo como tema a produção do espaço turístico. Desenvolve atualmente pesquisa financiada pelo CNPq sobre análise regional do turismo na região geográfica de Campina Grande. Fone para contato: 83 986447674 (Whatsapp)/ e-mail (xisto.serafim@professor.ufcg.edu.br