A geopolítica por trás de uma guerra que nunca acabou e pode explodir a qualquer momento.
No coração do Sul da Ásia, entre vales gelados e montanhas que parecem tocar o céu, existe uma terra que muitos já esqueceram, mas que continua sendo um dos pontos mais explosivos da geopolítica mundial: a Caxemira. Disputada há mais de sete décadas por três potências nucleares — Índia, Paquistão e China —, essa região permanece no centro de um impasse que mistura religião, nacionalismo, recursos naturais e estratégia militar.
A origem do conflito remonta a 1947, quando a descolonização britânica resultou na criação da Índia e do Paquistão. A Caxemira, de maioria muçulmana mas governada por um marajá hindu, foi incorporada à Índia, gerando revolta no Paquistão e dando início à primeira de três guerras formais entre os dois países. Desde então, a chamada Linha de Controle, que divide a região, se tornou uma das fronteiras mais militarizadas do mundo. Para complicar ainda mais o cenário, a China também passou a disputar uma parte do território, Aksai Chin, hoje sob seu domínio, mas reivindicada por Nova Délhi.
Além de seu peso histórico, a Caxemira possui uma importância estratégica vital. Ela abriga as nascentes dos rios que irrigam o Paquistão, tornando-se uma questão de segurança hídrica para o país. Seu valor simbólico também é enorme: tanto a Índia quanto o Paquistão a utilizam como pilar de suas narrativas nacionalistas. Não por acaso, mais de meio milhão de soldados indianos estão posicionados ali, tornando a região uma bomba-relógio silenciosa.
Nos últimos anos, uma tática pouco discutida tem ganhado espaço nesse tabuleiro geopolítico: os apagões estratégicos. Embora muitas vezes atribuídos a falhas técnicas ou crises energéticas, há indícios claros de que o Paquistão os utiliza de forma deliberada em momentos de tensão. Desde os anos 1960, blecautes vêm sendo empregados para proteger áreas militares de bombardeios, desorientar radares e limitar o fluxo de informação. O grande apagão de 2021, que afetou mais de 200 milhões de pessoas, é apenas um exemplo do uso dessa estratégia. E o Paquistão não está sozinho: na Guerra do Golfo, na Ucrânia e até em Gaza, a manipulação do fornecimento de energia tem sido usada como arma silenciosa, com efeitos tanto militares quanto psicológicos.
Mas se os apagões podem ser eficazes em termos táticos, os danos colaterais são profundos. Hospitais paralisados, sistemas de água comprometidos, comunicações cortadas — tudo isso afeta diretamente a população civil. Em regiões já marcadas por tensão étnica e pobreza, esses episódios só acentuam o medo, a instabilidade e a desinformação. No cenário internacional, o uso recorrente dessa tática pode gerar sanções, perda de apoio diplomático e mais isolamento.
Caxemira é, portanto, muito mais do que uma questão regional. É um espelho dos conflitos contemporâneos: complexos, multifacetados, muitas vezes esquecidos, mas com potencial de alterar o equilíbrio global. E é por isso que você, que se interessa por política internacional, não pode ignorá-la.
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